Caninos Pop

Imortais, sensuais e com grandes caninos, os vampiros veem povoando a cultura pop há décadas. De Nosferatu até os Cullens passando por Angel ou Bill muita coisa mudou, mas não tanto assim. Seus grandes caninos conseguem se adaptar aos tempos melhor do que qualquer outro ser mítico e permanecer muito vivo.

Esse mês, na verdade, esse semestre, é um momento de glória para os vampiros. A segunda temporada da série “True Blood” re-estreou na HBO com uma ótima audiência, o quarto e final livro da série “Amanhecer” de Stephenie Meyer chega as livrarias dia 26, em setembro ou outubro, a data não está certa, o CW estreia “Vampire Diaries” (veja fotos) e o filme “Lua Nova” chega aos cinemas até o final do ano. E esses são só os mais badalados lançamentos, nas livrarias temos ainda “Beijo nas Sombras”, o primeiro livro de uma ótima série, e chegando as livrarias os livros do diretor Guilermo Del Toro “Trilogia da escuridão”.

Os vampiros não foram sempre vistos assim como pop, pelo contrário, durante as primeiras décadas do cinema eles eram os vilões desalmados que matavam os inocentes a esmo não apenas para saciar sua sede por sangue, mas por serem seres cruéis que precisavam ser temidos. É assim nos clássicos como “Nosferatus” e nos filmes de Bela Lugosi, todos causavam pesadelo em seus espectadores.

Na década de 80 o panorama começou a mudar, ao invés de serem temidos eles agora eram objeto de galhofa. Deixaram de ser os monstros assustadores e passaram a povoar o terrir, é assim no maravilho “Dança dos Vampiros” de Roaman Polanski ou no adolescente “Hora do Espanto”. A mudança na imagem abriu caminho para que o espectador mudasse seu olhar para como os vampiros, mudança extremamente necessária para o que vinha nas décadas seguintes. Annie Rice também contribuiu muito ao criar Louis que durante sua longa entrevista mostra não só o universo vampiresco mas também como os vampiros são capazes de sentimentos. Rice chegou até a fazer do cruel Lestat um ídolo.

Nos anos 90 e 00 os vampiros deixaram, pelo menos alguns, de ser seres das trevas e até alma tinham. Angel é o caso clássico do vampiro perverso e cruel que depois de décadas de matança ganhou de volta a sua alma. Essa maldição o fez mais humano, o fez ser o par perfeito de Buffy. No universo criado por Joss Whedon não só os vampiros amaldiçoados tinham a capacidade de se apaixonar, Spike é a prova de que os vampiros têm um coração, mesmo que ele não bata.

Vampiros e o amor pelas mortais se tornou o mote dessa última década. Não que seja um mote novo, no clássico de Bram Stocker, o conde Drácula tem uma relação bem forte com a jovem Mina quando essa bebe seu sangue. Essa troca de sangue acontece de Buffy até “True Blood” e sela o destino dos casais.

A dieta dos vampiros sempre foi um problema para faze-los os mocinhos das histórias, afinal beber o sangue de inocentes não é algo que se consiga encaixar com facilidade entre as características dos heróis, por isso Angel compra sangue, Bill sobrevive a base do sintético Tru Blood e os Cullens são “vegetarianos”, ou seja, só bebem sangue animal.

Esses vampiros dos anos 00 subvertem muito do mito, em “True Blood” (leia mais) eles são organizados e lutam por seus direitos desde que saíram da clandestinidade com a criação do sangue sintético Tru Blood. Uma das cenas mais divertidas na primeira temporada é Bill dando uma palestra sobre a Guerra Civil. Mesmo mexendo com algumas das características na série da HBO um traço clássico não é esquecido: a sensualidade. As cenas entre Bill e Sookie fazem a classificação indicativa da série ser para maiores de 18 anos e, pelo que foi dito sobre a segunda temporada (veja trailer), as cenas serão ainda mais quentes (leia mais).

Já na quadrilogia de Stephenie Meyer a parte do mito que é descartada é a de que vampiros são seres da noite. Em “Crepúsculo” somos apresentados aos vampiros que brilham no sol, mas do que isso, somos apresentados a uma família que quer se integrar com os mortais e faz isso se tornando “vegetariana”. Escrito para adolescentes a série de livros e, agora, de filmes gira em torno do amor cavalheiresco entre Bella e Edward, ela uma adolescente e ele imortalizado no mesmo período. Tudo nos livros é romance, Edward é um personagem inspirado diretamente em tipos encontrados nas páginas escritas por Jane Austen, ou seja, cavalheiro e romântico acima de tudo, muitas de suas atitudes classificam facilmente como um Emo, ou no trocadilho do Rafael, Edward é um hemossexual.

Esse universo adolescente é explorado também na nova série do CW, mas com um pouco menos do espírito familia de “Crepúsculo”, em “Vampire Diaries” (leia entrevista com a autora) os irmãos Stefan e Damon disputam o amor de Elena. A série é uma das grandes apostas para a próxima temporada e pelos previews já divulgados tem grande potencial (veja).